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  • 16 de novembro de 2015
  • A sustentabilidade tem sido uma palavra corriqueira nos anúncios de TV, nas discussões empresariais, em muitos selos verdes criados pelo mercado, e chegou também à indústria da construção civil. Mas afinal, o que todos se perguntam é: isso é uma moda, uma onda que vai passar ou esse movimento veio para ficar? Como? E por quê? É interessante observar o crescimento exponencial dos empreendimentos que hoje buscam as certificações de sustentabilidade construtiva. Eles reforçam o entendimento desta tendência que já se consolida no mercado, principalmente para os incorporadores que querem mitigar os riscos do capital investido.

    Além disso, a perspectiva de sobrevivência econômica deverá assegurar cada vez mais a preservação ambiental, os cuidados sociais e culturais como uma quebra de paradigma para aqueles que trabalham nos extremos, com os radicalismos de um lado ou de outro. A questão, o desafio será o equilíbrio.

    O enfoque financeiro já se encontra bastante claro, o ambiental ainda não, mas grandes discussões têm sido realizadas para se estabelecer custos ambientais de produtos e serviços. E é esta a preocupação que está levando as empresas a investirem de forma crucial e definitiva na sustentabilidade. Não porque é algo bacana, simpático mas por ser essencial a qualquer negócio que doravante queira prosperar.

    Os custos da inovação

    Comparo uma obra que não seja sustentável a comprarmos um carro fora de linha. Como um ‘Dojão’, por exemplo, grandão, beberrão e obsoleto na sua utilização diária. Economicamente podemos demonstrar que, quando nasce no projeto um empreendimento verde, os custos de inovação inclusos nos custos de consultoria especializada são baixíssimos, se comparados a qualquer alteração que precisemos fazer nas fases de obra, e maiores ainda, caso comparados com os gastos pela não inserção das medidas sustentáveis nos 40 a 50 anos de fase de uso e operação de um empreendimento. Hoje comprar um empreendimento certificado também ajuda muito o público leigo. É a mensagem de que a forma como foi construído poderá, de acordo com os critérios pleiteados, assegurar, por exemplo, a sua eficiência energética. Como nos eletrodomésticos, todos já sabem que devem comprar equipamentos com selos do PROCEL. O mesmo dar-se-á com as edificações. Algo que faz bem para todos não tem como ser temporário. Torna-se definitivo pelo próprio contexto. O governo com suas medidas tímidas perde a oportunidade de apoiar o fortalecimento da construção sustentável, atrelando os incentivos de desoneração à medidas de sustentabilidade. O momento até mesmo para as empresas é bastante propício tendo em vista o maior caixa das empresas investidoras do setor. E a sobra de caixa é ideal a inovações em sustentabilidade construtiva, principalmente com o foco em eficiência operacional.

    O Brasil no ranking

    O nosso país, de acordo com o Green Building Council (GBC Brasil), já ocupa o quarto lugar no ranking entre os que possuem mais edificações comerciais sustentáveis. Está atrás apenas dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos. Entretanto mesmo ocupando esse lugar de destaque, ele ainda se encontra bastante distante de um amadurecimento do setor. Nos Estados Unidos, as construções sustentáveis já representam 15% do mercado da construção; no Brasil, o percentual fica entre 1% e 2%. A expectativa por aqui é que o número de empreendimentos registrados para a obtenção do selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) chegue a 1.050 unidades este ano. Criado nos Estados Unidos em 1999, o selo Leed já é usado em 139 países. No Brasil, a primeira edificação com esse selo obteve o certificado em 2007. Até o mês passado já tínhamos 677 empreendimentos registrados e 82 certificados. O movimento da construção sustentável no Brasil, porém, só se consolidará de vez quando a indústria e os investidores do setor absorverem o conceito da sustentabilidade de forma madura. Como uma oportunidade para reduzir custos em todas as fases do processo, ou seja: deixar de ser uma estratégia de marketing para ser uma estratégia de fato corporativa, permeando todos os setores da organização.

    A esperança existe

    O Brasil já se destaca na construção de unidades imobiliárias com selo verde, principalmente quanto aos novos lançamentos. Hoje, quase 50% dos lançamentos comerciais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, contêm projetos que preveem alguma das certificações de sustentabilidade construtiva disponíveis no mercado. Em Curitiba, quase 80% dos novos lançamentos virão com selo verde. Como disse Cristina Umetsu, gerente de projetos sustentáveis, “são empreendedores, incorporadoras e investidores que querem construir um prédio com algum diferencial no mercado”. Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, também afirma que os empreendedores de prédios verdes têm conseguido reduzir em torno de 30% o consumo de energia dentro da edificação, de 30 a 50% o consumo de água, e conseguem reduzir também em cerca de 60% a 80% a gestão de resíduos, que são gerados durante todo o empreendimento. “O mercado consumidor está cada vez mais exigente, as empresas brasileiras e internacionais estão buscando prédios com esse tipo de concepção e com esse tipo de eficiência”, diz o gerente executivo do Previ, Ivan Schara. A sustentabilidade é um caminho sem volta. Muitos ainda não perceberam o tamanho da mudança porque o tempo de maturidade dos projetos da concepção à sua inauguração ainda é longo. Mas a revolução antes silenciosa está acontecendo. Torcemos para que todos os empreendedores se despertem a tempo de ofertar mais responsabilidade construtiva à toda nossa sociedade. As nossas futuras gerações também.

    O meio ambiente agradecerá.

  • Fonte:

    http://www.revistaecologico.com.br/materia.php?id=61&secao=907&mat=986

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